terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Deixou o raio
o quarto
o risco

e se foi com a dança
de apanhar gravetos

Deixou o raio
o quarto
o risco

E esse vício tão sublime
de brincar de abismos.

Ana Paula Oliveira.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

ENSAIO

Sem reinos nem vestes
afagam-me à noite
Num íntimo ensaio
Vestem-me de ilha

Desfolho primaveras.

A mãe do Sol
num íntimo passo
abre-me as janelas

Por não saber da asa, o medo

E ao querer do vinho, bebo
esse homem de águas
com pedras por dentro

Vou virando praias.
Ana Paula Oliveira.

domingo, 25 de dezembro de 2011

LENDA

Sonho perdido
dias de cimento.

Respito triângulos
de amores por dentro.

Quem reina
no teu lábio de ventre?

Seguro os dias
de uma atriz tesa
de cartas sem poesia.

E confesso pelo telefone
um quintal de cimento
transformado em jardim.

Mas qual o nome, o tempo
a pele, a flor?
Ana Paula Oliveira.
SONHOS

Resvalo e te espero.
Escrevo uns versos
Prendo-te em êxtase
antes que vire grafite
gravetos, topázio.
Antes de tudo
ladrilho poesias
planto árvores
colho flores e espero.
Tu, sempre tu
guardado nos meus sonhos
e assombros, como sempre.

Ana Paula Oliveira.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

SOPHIA

Ela vai deixar os cabelos brancos brancos
vai se deixar
estriar, enrugar, desbotar

vai deixar a pele sinalizar
pontos, peitos, prantos

vai cansar
vai deitar
 vai deixar
Deus falar.

Ana Paula Oliveira.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

ORAÇÃO

É vício a palavra
com que falas
de crueldades
delicadezas
É vício a palavra
no meu corpo
minha escrita
que não te rouba
É vício a palavra
com que calas
no meu invento
minhas feridas
É vício que eu volte sempre
de delicadezas
crueldades
É vício, amor
"Deuses só comem palavras".
Ana Paula Oliveira.

sábado, 12 de novembro de 2011

Enloucrescer

As mulheres enlouquecem
quando amam
escrevem cartas, poesias
e enloucrescem
quando amam
se apaixonam
quando amam.

Sim, as mulheres enloucrescem
quando amam
quando é lua cheia
quando ovulam
quando engravidam
quando são amadas
até o útero
até a raiz
até a alma.
Ana Paula Oliveira.